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Musa Consolatrix - Machado de Assis

  • Foto do escritor: Marcos Benaia
    Marcos Benaia
  • 13 de abr. de 2019
  • 1 min de leitura


Que a mão do tempo e o hálito dos homens Murchem a flor das ilusões da vida,           Musa consoladora, É no teu seio amigo e sossegado Que o poeta respira o suave sono.

          Não há, não há contigo, Nem dor aguda, nem sombrios ermos; Da tua voz os namorados cantos           Enchem, povoam tudo De íntima paz, de vida e de conforto.

Ante esta voz que as dores adormece, E muda o agudo espinho em flor cheirosa, Que vales tu, desilusão dos homens?           Tu que podes, ó tempo? A alma triste do poeta sobrenada           À enchente das angústias; E, afrontando o rugido da tormenta, Passa cantando, alcíone divina.

          Musa consoladora, Quando da minha fronte de mancebo A última ilusão cair, bem como           Folha amarela e seca Que ao chão atira a viração do outono,           Ah! no teu seio amigo Acolhe-me, — e terá minha alma aflita, Em vez de algumas ilusões que teve, A paz, o último bem, último e puro!

Machado de Assis, in 'Crisálidas

 
 
 

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